quinta-feira, 17 de novembro de 2011

SONHOS

Há pouco eu conversava com um senhor de barba, rechonchudo. Eu carregava uma criança em meu colo, alegre, saudável, muito esperta, que, assim como aquele senhor e eu, trajava vestimentas de época. O senhor colocava as últimas pedras no muro em frente à porta do imenso castelo. Logo após eu adentrar um enorme corredor, olhei para trás e vi muitas lanças despontarem no muro; também vi uma figura magra, maltrapilha, com movimentos absurdamente rápidos, a qual deu um golpe com uma lâmina naquele senhor e passou a vir em minha direção. Imediatamente pensei em proteger a criança, comecei a correr e pedir socorro gritando: “O rei está ferido, socorro! O rei está ferido, alguém ajude!”. O corredor estava meio escuro, não havia ninguém. No final do corredor e ainda olhando para trás, aquela “coisa” continuava vindo em minha direção, num movimento estranho e rápido. De repente uma moça surgiu de uma sala, me agarrou pelos braços e questionou o que acontecia. Não deu tempo de explicar, tive de puxá-la para não ser esfaqueada. Quando ela viu “aquilo”, gritou! Entregando o bebê a ela, disse: “Proteja o bebê, princesa!”. Foi quando desviei de um golpe de uma pequena faca brilhante em forma de meia lua, agarrei o braço daquele ser e depois envolvi sua cabeça com minha outra mão e esmaguei-a facilmente. Em minha mão vi um boneco, do qual saiu uma fumaça. Ficou muito claro para mim, então disse: “Magia negra”.
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Freud escreveu muitas obras. Os volumes IV e V intitulam “A interpretação dos sonhos”. Atenção: Interpretação diverge de significado. As pessoas confundem e sempre perguntam ao profissional de psicologia o que determinado sonho significa. Não é como aqueles livros de banca que simplifica, por exemplo: Sonhar com cobra é traição.
Realmente todo sonho possui interpretação, por mais estranho e desconexo que possa se apresentar. Convém enfatizar que sonhamos todos os dias, apesar de nem sempre lembrarmos, pelo fato de este fazer parte de um estágio muito profundo do sono.
De acordo com Sigmund Freud, o sonho, na maioria das vezes, é um “desejo reprimido”, mas também apresenta desejos, medos e muitos outros sentimentos relacionados ao sócio-histórico de um indivíduo. Esta manifestação do inconsciente acrescenta muito ao analista e ao setting terapêutico, pois, às vezes, é a forma que o cliente encontra de dizer ao analista aquilo que não está sendo capaz de verbalizar ou até mesmo, de enxergar ou aceitar.
Meu sonho faz sentido para mim: O muro de pedras e o humilde rei que o erguia. O bebê, a princesa, a penumbra e o corredor vazio, a magia negra...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

MEU INTERIOR

O meu interior é maravilhoso. Algumas pessoas criticam a pequena cidade, dizem que não existe emprego, faltam opções de lazer... Eu amo muito tudo isso!
No meu interior eu posso sentar-me à praça central, digitar este texto sem preocupação que meu notebook seja roubado. Ainda neste momento, posso ouvir os pássaros cantando, voando, brincando, se banhando na fonte.


Posso caminhar tranquilo, sentir a brisa e o ar puro tocar meu rosto, admirar pessoas fazendo caminhada. Qualidade de vida. Para alguns pode parecer um problema, mas acho interessante “todo mundo conhecer todo mundo”. Ainda durante a caminhada, posso cumprimentar a Dona Leonor, o Senhor Eduardo: “Bom dia!”. A educação do pessoal no interior é apurada, todos saúdam uns aos outros, seja com o tradicional bom dia, seja com um “tchauzinho” ou um simples tímido meio sorriso.


O cão passeia, corre atrás dos pombos e abusa do dono. As centenárias árvores dançam ao ritmo do vento, a mãe acompanha o filho com o velotrol, próximos do idoso e charmoso “coreto no jardim”.

O proprietário troca o cartaz do filme, no único cinema da cidade, o comércio abre e o sol também. Céu azul. No meu interior não existe poluição, não se vê altos índices de violência, não há milhões de pessoas (trombando em calçadas) controladas pelo tempo. Não faz parte do cotidiano sirenes de ambulância pedindo passagem.
Se eu quiser “lazer”, barzinhos, teatro, shopping... Tenho sempre a opção de ir às cidades vizinhas, onde poderei me divertir, mas ciente que voltarei... Para a terra onde canta o sabiá.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

KROMBAK

Duas cabeças, duas mentes, duas personalidades e um coração. Krombak era um majestoso dragão negro, nascido das chamas infernais através da ação de um anjo que sacrificou sua vida para dar alma à criatura que julgava merecer existir para os desígnios de Deus.
Um lado de Krombak era pura maldade. Outro lado era bondade. Não havia discordância entre eles, afinal, sabiam que ambos eram apenas um e que a morte do outro significaria a morte do corpo. Apesar de essências diferentes, viviam em harmonia.
A fera vivia em clausura, aprisionada por um bruxo maligno, o qual buscava a todo custo corromper o lado bom de Krombak. O objetivo do feiticeiro era usar a magia negra do dragão para aniquilar a bondade na Terra, tornando-a um lugar de domínio das trevas.
Após séculos aprimorando a poção, Zabrax - o bruxo, finalmente havia conseguido. Adentrou a fria masmorra para destruir a luz branca que constituía uma parte do dragão. Iniciado o feitiço, demônios voavam no ambiente, riam do lado bom que, sereno, apenas aguardava. Chamas negras se erguiam cada vez mais e envolviam somente a parte benigna da fera. O feiticeiro finalmente conseguiria dominar a Terra, se, o lado demoníaco de Krombak não se revoltasse, destruísse as correntes e devorasse o bruxo.
Os demônios fugiram, havia muita bondade para ser suportada e demasiado mau para ser controlado. Krombak estava livre! Livre para atuar, ser bom, ser mau, ser imparcial...
Ser como nós.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

OS SOFISTAS

A história nos presenteou com a filosofia. Celebridades como Aristóteles deixaram marcas profundas, continuidade de seu mestre Platão, discípulo de ninguém mais que o pai da filosofia: Sócrates. Este tem uma passagem que amo! Sócrates andava pelas ruas instigando as pessoas a pensarem, questionava “o quê?”, “para quê” e “por quê”. Abordava uma pessoa e perguntava, por exemplo, se ela era feliz. Após uma resposta positiva, o filósofo indagava à pessoa o que era felicidade e, após muito questionar os posicionamentos da pessoa, a mesma chegava à conclusão que realmente não sabia o que era a tal felicidade. O hilário desta história é que, quando o indivíduo se dava conta que não sabia, perguntava para Sócrates o que era e ele muito sabiamente respondia: Não sei, por isso estou perguntando! O pai da filosofia não pretendia ser sarcástico, apenas tentava tornar as pessoas seres mais pensantes.
Poucos são os registros sobre os sofistas. Foram “filósofos” que deixaram poucas marcas para que pudessem ser estudados criteriosamente. Sabe-se que tinham um dom. Os sofistas possuíam o dom de imputar pensamentos, opiniões e o que fosse preciso na mente de uma pessoa, faziam um ser acreditar que o certo era errado, que o errado era certo, que a “pedra não era uma pedra”. Acredito que podemos chamar tal técnica de manipulação. Tudo em nome de um bem maior: A moeda corrente.
Se trouxermos o contexto para os dias atuais, podemos constatar que muitos aplicam a técnica em várias situações, com o mesmo objetivo: Dinheiro! Manipulam as pessoas, imputam opiniões, ideias, fazem o mal parecer correto e o que seria bom, algo não tão ruim através de outro ponto de vista.

Sei que parece haver uma dramatização no parágrafo anterior, afinal, quem seria tão vulnerável ao ponto de não ter opinião própria? Seria um ser sem personalidade, manipulável como um fantoche? Acreditem, diariamente as pessoas atribuem conceitos ao outro com intuitos excusos ou simplesmente por que este é o seu mecanismo de funcionamento (dissimulado). De qualquer maneira, por um motivo ou outro, devemos nos atentar a isso, devemos ter filtros sofisticados para a identificação do sofista contemporâneo ou fazer uso dos tradicionais:

"O QUÊ?"   "PARA QUÊ"   E   "POR QUÊ?"

Ser você em tempo integral, em essência: Vital.


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O POESIA

"O POESIA" foi escrito por mim em 2004, em um momento iluminado onde consegui transcrever minha oração em forma de poesia:

...

Me sinto tão estranho, há um vazio dentro de mim
Me sinto de um lindo rebanho, o esquecido... lá no fim
Resolvi escrever pra alguém especial, contar como me sentia
Isso sempre me tira o mal, faz a treva virar dia....

É incrível como me faz bem, inexplicável poesia
Como se uma força do além, me curasse com magia
O prata vira dourado, o ar se torna vento
Tudo num simples traçado, que escrevo neste momento

Flutuo nas palavras, sinto a paz me dominar
Tiram-me as chagas, o vento que fora ar
Despreocupado que me leve, me entrego sem repressão
Já mais claro vejo a neve, que gelava meu coração

Com tanta luz a iluminar, olho o que me afligia
Eu em outro patamar, vejo o que eu não queria
Também vejo lá no fundo, algo à flores desabrochar
E tão grande como o mundo, passará a neve pra me alcançar

Este algo "esquisito", descobri o que seria
Ele é grandioso e bonito, e vai chegar um dia
Sei que a neve derreterá, quando Ele me disser: Sorria!
A partir de então serei feliz... Obrigado, POESIA!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

SEMENTES

Um dia pode ser iluminado, colorido, com brisa, onde há movimento: Dos pássaros, do cão que anda sem destino nas ruas, dos pequenos arbustos ou das grandes árvores por ordem dos ventos.
Ou... Um dia pode ser frio, monocromático, sem vida. Daqueles dias onde o movimento do corpo é comandado simplesmente pelo automático, onde não temos permissão para notar um mundo ao nosso redor.
Somos sementes. Somos o que plantamos, mas também somos as sementes que plantam em nós, somos a felicidade, a euforia, o sexo, a vontade, a luz, OU, a tristeza, o caos, a tormenta, a angústia, a depressão, a morte...
Devemos ser sábios na escolha daqueles que regam nosso jardim, que cuidam de nossas flores, que semeiam diariamente nossas terras.

Plantemos o melhor de nós e que o Senhor nos abençoe com sua Luz, permitindo que tenhamos as mais belas flores e colhamos os mais deleitosos frutos.