quarta-feira, 27 de junho de 2012

CURA GAY!


A maioria das pessoas nasce com seus desígnios. Eu sempre vislumbrei um mundo sem maldade, diferença social, racial, sexual, religiosa... Sei que tenho comigo um mundo utópico inalcansável, mas me permiti guardar em mim, ao menos, parte de uma pureza infantil. Talvez, aos olhos da grande massa, não seja tão saudável idealizar sonhos infantis na fase adulta, mas quem ou o que é “normal”? Apenas busco não julgar as pessoas – talvez para não ser julgado –, de qualquer forma, assim sou eu.
Apesar de almejar uma mudança globalizada, descobri que não tenho super poderes, logo, contento-me com a simples ação de fazer a minha parte. Descobri ao longo destes ^_^ anos de idade que tudo o que fazemos ou desejamos aos outros, volta à nós com a mesma (ou maior) intensidade com que desejamos. Penso desta forma.
No entanto, assim como o ying e yang, a luz e a ecuridão, existem pessoas que filosofam o oposto: Dois pesos, duas medidas!
Fiz psicologia e, com os estudos, descobri o ser humano. Claro, sua essência, pois diferentemente da profissão medicina, por exemplo, nada é exato. Na medicina, o corpo humano, possui (normalmente) dois rins, um fígado, um coração, todos no mesmo lugar em qualquer ser humano. Para a psicologia, cada ser é diferente do outro, por sua constituição histórica, meio ambiente, genética, etc, etc... E, apesar de estar ciente dessas condições, ainda me surpreendo com alguns homo sapiens:
Em meu tour diário pelas notícias on line, me deparei com o surpreendente título: Câmara debate na quinta proposta que abre caminho para a 'cura gay'.
Em pleno século XXI, onde a evolução social permitiu conquistas ao público homossexual, encontramos pessoas que acreditam ter como desígnio encontrar a cura para esta “doença”. Mais uma, dentre tantas utopias!
O interessante, para mim, é o conflito existente em tantos aspectos no mesmo assunto. Como pessoas cultas, eleitas pelo povo, deputados! Tem a prepotência de tentar intervir no trabalho de um grupo de profissionais, tentando anular resoluções-base para o atendimento do ser humano? Estudamos para fazer com que a pessoa em conflito se descubra, se aceite, para que seja feliz do jeito que é, independente de sua condição sexual.
Mas os deputados discutirão no dia 28/06 a suspensão de dois dispositivos do nosso Conselho, abrindo caminho para que a psicologia trate o homossexualismo como transtorno. Retrocesso? Insanidade coletiva? O mais interessante, diga-se de passagem, é que a proposta partiu de um deputado de bancada evangélica, logo, deduzo que em nome de Deus ele busca corrigir algo que ele considera, julga, uma doença, como a AIDS ou o câncer.
Também sou religioso, tenho muita fé, rezo todos os dias e, até onde sei, temos o mesmo Deus.
Não posso finalizar de forma diferente, senão, citando Mateus:

"Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós."
(Mateus, V I: 1 - 2).
SAD END

terça-feira, 26 de junho de 2012

NO QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO?

Bom... Vivo em uma casa grande, eu nem precisava de tanto, mas Deus me deu e por isso sou muito grato! Ela tem um cômodo e um banheiro. A janela é ampla e permite que a luz do sol me desperte todas as manhãs... Não sei por que aquela senhora ia desfazer de uma janela tão bonita! Feliz eu que pude salvá-la. Às vezes o vento que entra pelo quadradinho que não tem vidro é gelado, mas tudo bem, afinal, seria muito abafado não é mesmo? Tem tanta gente que gasta energia com ar condicionado!
 Meu banheiro é o segundo lugar da minha casa que eu mais amo, ele tem um chuveiro com água quente e um vaso sanitário. Claro, pelo fato de não ter rede de esgoto na comunidade em que vivo, tenho que jogar um balde com água... Mas está ótimo, muita gente tem que sair no frio das madrugadas para fazer suas necessidades fisiológicas em banheiros externos, com fossas.
Ah! Outro dia foi meu aniversário! Gostaria de ter feito uma grande festa, com salgadinhos, refrigerantes, doces e bolo. Mas não dá para esbanjar, estou controlando os gastos em minha casa! Também, se pararmos para pensar, todas essas guloseimas engordam! Logo, economizei um dinheirinho e poupei minha saúde. Foi bom dividir com meu cachorro Labrador a quentinha que comprei para comemorar meu aniversário! O meu cachorro adorou, acho que ele nunca tinha comido uma comida tão fresquinha (Também, de restaurante!). Peguei o Labrador quando ainda era filhotinho, estava nas ruelas aqui da comunidade perambulando, todo sarnentinho! Magricelinho que só, batizei-o de Labrador, para que impusesse um pouco mais de respeito! Ele é meu melhor amigo, posso dividir com ele todos os meus pensamentos! Ele sempre fica ali, parado me olhando, ouvindo com atenção. Sou um homem privilegiado por tê-lo. Aliás, sou privilegiado em tudo, a começar pelo meu trabalho! Pelos céus, eu tenho um trabalho! Todos os dias levanto às 5h da manhã, pego minha bicicleta e pedalo até a cooperativa de reciclagem. Não sei quantos metros tem até aqui, mas dá mais ou menos uma hora e meia pedalando. O patrão é muito bom, nos paga pelas horas trabalhadas e nós dá uma refeição por dia! As quintas-feiras são as que mais amo, é dia de macarronada. Claro, não tenho carteira assinada, mas também, para quê? Ele me disse que se registrar vai ter que descontar por causa de um tal de imposto, então, rezo bastante pro meu patrão, pois ele pensa em todo mundo e não deixa que tirem dinheiro do nosso pagamento.
Eu sou o homem mais feliz do mundo, por que eu tenho tudo que preciso!
Bom, acho que é isso “Seu Facebook”.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

PANELA x TAMPA

“Cada panela tem a sua tampa”, já dizia minha mãe, minha tia, um primo distante, a prima da vizinha de um amigo meu, a madrasta da tia da secretária que trabalha pra amiga da minha cunhada... É... É antigo mesmo este ditado! Porém, analisando a contemporaneidade, me questiono sobre a precisão dos encaixes de tais tampas, afinal, tenho observado tantas panelas elétricas cobertas com tampa de tuperware, que me questiono sobre a legitimidade do velho ditado.

O ser humano é, obviamente, um ser sociável... E, particularmente, acho imprescindível ter alguém para compartilhar os momentos, sejam bons ou ruins... E, claro, para o sexo – como já apontava Freud desde mil novecentos e - ° o º o – bolinha. Mas o que está acontecendo com os relacionamentos hoje em dia? Não vou começar citando exemplos das novelas, pois este separa/ casa dos atores não serve de base para nada! No entanto, observando as pessoas ao meu redor, vejo que casais que namoraram 8, 9 anos: Estão separando! Virou clichê dizer “Ah! Não deu certo!”. Antigamente as pessoas casavam e, a qualquer custo, mantinham o casamento. Claro, também sei que as mulheres sustentavam esses casamentos à base de muita “vista grossa” em nome do social - “O que as pessoas vão dizer se separarmos?” – bom, ainda vejo muitos destes casos! Só posso deduzir que ali tem uma panela infeliz em nome do status. Mas no geral, e acho que a maioria concordará comigo, as pessoas não estão tão interessadas em ficar muito tempo com uma tampa só, querem mais é testar sem compromisso os outros encaixes... Até que a panela fica toda amassada, cheia de marcas, mas para sair por cima da carne seca grita: “Panela velha é que faz comida boa!”. Sei! Também presenciei panelas que cozinharam pra muita gente aceitando qualquer tampa para não se tornarem frigideiras!
Ah! E tem um amigo que é frigideira, mas por opção! Falar em tampa é se queimar com ele!
Enfim, impossível concluir um tema tão complexo... Deixarei a critério dos leitores comentários que levem a alguma conclusão, no mais, só me restou o pensamento:
“Esperta é a tampa da privada, que usa parafuso pra não perder o parceiro, independente do tamanho da cagada!”

Como diz o Braccini: "Enfim! É o que tem pra hoje!"

quinta-feira, 21 de junho de 2012

PROFUNDEZAS

Escrevi este poema em 02/11/2006. Preferi publicá-lo em sua forma original, sem acréscimos ou correções.



quarta-feira, 20 de junho de 2012

APENAS UM BRINQUEDO

Nós éramos brinquedos felizes! Vivíamos em um quarto colorido, iluminado, cujo clima era tão harmonioso que podíamos encher os pulmões, todas as manhãs, a cada despertar do amigo “Tic Tac Toy”.

Éramos cuidados por nossa protetora, uma menininha linda, sorridente, meiga e inocente. Sabe? Aquela pureza infantil que conquista a gente? Então, essa era a nossa querida e pequena Heloísa! Olhos grandes, cabelos longos, sempre com cheirinho de talco! Disputávamos sua atenção todos os dias na “hora do brincar”, queríamos seu colo, suas palavras, sua compreensão, seu calor humano... Amávamos amá-la, de uma forma indescritível, por motivos que meramente sentíamos.
Mas tudo mudou.
Nós brinquedos podemos ver além do que os mero mortais conseguem enxergar! E enxergávamos a maldade e a escuridão no olhar dos novos amigos que Heloísa havia adotado. Pequenos humanos, não só de tamanho, mas de espírito! A nossa Heloísa deixou que seus novos amigos brincassem com a gente, doía! Ela não via, mas eles nos quebravam aos poucos. Nós pedíamos ajuda à ela! A lousa mágica deixou vários recados, mas ela sempre ignorava, isso quando seus malígnos amigos não viam antes e jogavam a pobrezinha no chão para desfazer as escrituras. Coitadinha!
Não havia mais luz, tornou-se irrespirável o ar, pesado, condensado, triste... Os brinquedos que restaram inteiros tentavam fugir, mas como? Éramos apenas brinquedos, simples, frágeis e inocentes amigos que, um dia, compartilharam de maravilhosos momentos.
Não percebemos, foi aos poucos, talvez por ser nossa protetora nós não tenhamos conseguido enxergar o fato de que a pequena Helô não existia mais, havia crescido, perdido a inocência e todas as outras características que a tornava tão especial. Realmente não sei em que ponto nós a perdemos, tornamo-nos descartáveis! Mas, a partir de então, enxergando-a como a pessoa que realmente era, pudemos ver que ela não perdera totalmente a mania de brincar, pois o aluno superou os mestres! Enxergávamos o quanto ela fazia seus supostos maliciosos amigos de marionetes.
Nunca senti veracidade na pintura em meu rosto, mas se eu não fosse um brinquedo, certamente eu choraria, pois não vi quando nossa pequenina perdeu a inocência e a alegria de viver...



A Instituição daquela comunidade


Quem observa a calmaria nas manhãs que segue os dias, sequer imagina que no silêncio daquela comunidade existem pessoas, dezenas, centenas, pessoas com histórias singulares, com problemas, bons e maus costumes.
Naquela comunidade todos precisam de ajuda! Uns necessitam de alimentação, outros de roupas, mas em sua maioria, a reivindicação é de dignidade. Mas são tantas as famílias, tantos os indivíduos, que inúmeras são as necessidades. O agravante certamente é tentar, no silêncio das manhãs, descobrir quem precisa, do que precisa, o quanto precisa, se precisa. Impossível ser preciso!
Mais duvidosos são os caráteres em cena: Alguns necessitam e recorrem à ajuda, outros também precisam mas não a aceitam; por outro lado, oportunistas não precisam tanto, mas fazem questão de sugar ao máximo o que lhe é oferecido, aliás, fazem da boa ação do ser humano um abrigo para o pecado da preguiça: Não acordam cedo, pois tem quem esteja desde manhã preparando café para seus filhos; não cozinham, para que sujar as mãos, gastar gás, ter que lavar louças, se existe alguém fazendo tudo isso por eles? Basta, apenas, mandar os filhos fazerem as refeições: Sempre desleixados! Sem banho, sem pentear os cabelos, descalços... Por tanto assistencialismo, os pais, que não tem o dever de madrugar, esquecem que deveriam acordar para chamar e levar seus filhos à escola. Falta, falta e mais falta.
Se observarmos a perspectiva deste ponto de vista, certamente emerge um questionamento dentro de nós (ao menos há dentro de mim): Que papel é este da instituição na comunidade? Claro, a resposta não é simples, já que a aprendizagem é diária. Somente a convivência com crianças drogadas, mães prostitutas, foragidos da Lei, traficantes... Vivendo ao lado de pessoas de bem, crianças inocentes, pessoas dignas de dignidade – para exprimirmos a (in)satisfatória resposta: Somos simplesmente necessários. Não imprescindíveis para alimentar o mau costume ou a falta de educação, mas justamente para tentar salvar as crianças, os filhos, desta herança pobre – não socialmente pobre – mas pobreza de espírito, pobreza da tão reivindicada dignidade, oculta, nas tranquilas e assistidas manhãs daquela comunidade...