segunda-feira, 5 de março de 2012

O JARDIM

Não falo a ninguém sobre este lugar, ele é secreto. Tenho receio que as pessoas achem que sou louco por visitar um lugar “mágico”. Em pleno século XXI, onde poucos crêem nas próprias pessoas, como digerir um utópico jardim?
Essa não é uma nova versão de “O Jardim Secreto”, afinal, este é um conto fictício que virou filme e, convenhamos, nem se compara ao jardim que eu conheço. Meu jardim é prestidigitador.
Quando estou entediado, triste, ou muito feliz, é pra lá que eu fujo. Sua passagem eu não posso revelar, infelizmente! Mas acredito que algumas poucas pessoas tem visitado “meu” jardim quando não estou por lá. Não me preocupo com isso, afinal, não é qualquer pessoa que pode adentrá-lo, somente pessoas que o jardim consinta tem essa permissão.
Ao avançar pela passagem de entrada, logo de início vejo uma cascata, ela não cai de algum lugar, ela simplesmente surge e cai, formando um rio que atravessa o gigantesco jardim, repleto de flores com formas e cores que não sei descrever, nunca vi formatos tão distintos em uma mesma flor, nem cores tão berrantes e alegres que formem um conjunto tão harmônico a ponto de querermos dividir com todos que amamos.
Há muita vida neste jardim, as borboletas são muito maiores que o normal e sobrevoam as flores deixando um rastro brilhante no ar, como um arco-íris. Demorei muito para entender que aquilo era a polinização delas. As borboletas são os únicos seres vivos coloridos deste sistema, pois todos os outros são completamente brancos: lebres, coelhos, mini ursos, araras gigantes... Todos vivem em completa harmonia, aliás, o lugar exala PAZ!
Certo dia, um espírito de luz, um dos muitos que habitam o lugar me questionou os motivos pelos quais eu tanto aparecia por lá. Disse a ele que o motivo para eu fugir tanto para lá era o mesmo pelo qual o jardim não se abria a todos. E pensei:
“Não julgo ninguém, não me interessa a vida dos outros, não cobiço, não maltrato, não invejo... Após cumprir com meus deveres sociais, tenho pouco a fazer na terra dos humanos”.